terça-feira, 13 de abril de 2010

O segredo da morte

O ar fúnebre frequente de velórios, agora se intensificara na despedida de uma mulher que teve sua vida marcada não apenas por drogas, prostituição e boemia; também tivera uma infância feliz e nesta adquiriu valores que poderiam ser levados até o momento de seu declínio, mas ao longo de sua estória eles foram esquecidos. Lavínia era uma prostituta bem jovem e muito bela. Suas feições omitiam sua realidade, por isso sua vida era um mistério para todos que viviam no mesmo vilarejo litorâneo que ela.
Ao atracar no porto, o navio que carregava vários marinheiros se estabeleceu na região e ali ficou durante alguns meses. Tempo suficiente para que um dos tripulantes, Olavo, se apaixonasse por Lavínia.
Conheceram-se em uma taverna, encontro que marcou o início de uma relação intensa, porém, ela não lhe contara de sua vida como prostituta, por sentir medo de ser rejeitada ou traída por Olavo, ela o amava muito e queria poupá-lo de sua própria sina.
Com o passar do tempo, era perceptível a ausência da amada. Olavo, por estar alheio ao segredo de Lavínia, resolveu então investigar o fato. Foi quando, ao anoitecer viu sua parceira acompanhada por outro homem rumo a casa dela. Não lhe restava mais dúvidas, todos os sinais e atitudes de Lavínia estavam explicados.
Olavo perdeu seu controle, não se conformava com tal situação, sentia-se traído e humilhado. Dirigiu-se ao seu alojamento, apanhou uma faca e voltou àquele local. Entrou na casa e esfaqueou sua amada que estava sobre a cama do único quarto que existia no lar. Tentara matar também o homem, mas ficou abalado com o que havia feito. Fugiu e nunca mais retornou ao vilarejo.

Marina Garcia do Nascimento
1ºB - Manhã

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Monólogo com a morte

As asas da morte abaixaram-se sobre o cais, olhares curiosos acompanhavam a remoção do pequeno e disforme corpo. O anjo da morte observava, à espreita, o marinheiro raivoso e bêbado tirar a vida, com uma faca, da pobre mulher, que os homens de branca a estavam levando.
Logo depois, o manto negro farfalhou sobre o piso imaculado do necrotério, ao aproximar-se da mesa, onde a figura fria e inerte repousava, observou-lhe a face e o corpo marcados pela rua, bebida e preocupações.
A esta velha, a vida reservara-lhe um fardo pesado, a beira do cais ganhando uns poucos tostões, para o pão do dia e a bebida da noite, já os sapatinhos de verniz e laços, que usara outrora menina, foram-lhe tirados com as tranças e vestidos brancos pelo tempo. Virgem menina!
Como o sopro a inocência fora-lhe tirada, tão rápido que nem se apercebera do fato. Com os anos, os sonhos foram esquecidos, guardados no fundo do coração de menina, que ainda ansiava em brincar livre pelos prados verdejantes a espera de uma nova sina.
Ao chegar aos portões do céu, a pobre alma transformara-se na linda virgem menina, que correra com os braços abertos, as longas tranças a bater-lhe nas costas e a face coberta pela alegre inocência.

Pequena Crônica Policial - Karina Martins Milaré - 1º B

TEXTO INSPIRADO NO POEMA: "PEQUENA CRÔNICA POLICIAL", DE MÁRIO PRATA.